domingo, 26 de dezembro de 2010

Testemunho do Ev. Bruno Oliveira (Parte VI)

No quarto ao lado descobri que havia uma criança mais nova que eu que também havia sido assaltada por uma enfermidade, meningite, o estado dela era pior que o meu. Fiquei sabendo de sua existência em um dos meus passeios turísticos pelos corredores do hospital, enquanto a porta do quarto dela se fechava tive a oportunidade de olhar rapidamente para dentro do quarto, ela estava sentada a beira da cama, aparelhos e parafernálias desconhecidas ocupavam a lateral da cama dela, havia enfermeiras por lá e foi quando por um milésimo de segundo ela também olhou para fora, nossos olhares se cruzaram, e vi seu rosto inocente, não havia brilho em seus olhos, ela era triste, mas naquele milésimo tão singular sua boca começou a se movimentar e tomar forma de um risinho esperançoso, quando a porta se fechou seu sorriso ficou carimbado em minha mente. Ela estava pior do que eu, mas sorriu, ela estava com mais aparelhos no corpo do que eu, mas sorriu. Todos nós estamos no grande hospital da vida, fazendo diversos tratamentos, uns estão se tratando da depressão, outros da enfermidade, outros da falta de compreensão de seus familiares, outros do vazio da alma, é um grande hospital, mas quando acharmos nossos problemas grandes, olhemos no quarto do vizinho, você pode se surpreender.
O quarto ao lado agora me intrigava, a curiosidade dedilhava meu peito, e então comecei a colher informações sobre a enfermidade da criança que estava ao meu lado, minha mãe disse que eu não podia ir até lá, mesmo porque ela jamais entenderia minhas palavras já que eu estava com a língua enrolada, mas não adiantava. Todas as manhãs eu me dispunha a caminhar nos corredores do hospital, como uma criança que eu era, coloquei em minha cabeça o objetivo de falar que Jesus podia curar aquela garotinha, mas para minha decepção a porta sempre estava fechada. Eu então retornava ao quarto um pouco frustrado apesar de que, as enfermeiras sempre encontravam uma forma de me fazer sorrir em meus passeios.
Diante das sombrias noites que se estendiam sobrava somente a iluminação de uma lâmpada comprida no quarto de paredes acinzentadas. O meu repouso era constantemente fiscalizado, durante o sono, a pessoa que me acompanhava, fosse meu pai ou minha mãe, tinha que tomar o cuidado de me manter seguro, já que eu me mexia muito enquanto dormia e havia DOIS frascos de soro sendo aplicado em minhas veias. Após as dezoito horas, o entardecer trazia consigo, um sossego temporário, os carros diminuíam de volume na avenida, a movimentação das pessoas parava e o ar era tomado por instantes mais serenos. Mas aquela noite reservava surpresas além do pobre conhecimento humano.
A noite abafada de São José dos Campos estava cada dia mais quente, mas os muitos dias naquela cidade já fazia com que me acostumasse. Foi fácil dormir com as mãos suaves de minha mãe acarinhando minha cabeça, a lâmpada estava apagada, um facho de luz invadia o quarto pela pequena e alta janela, tornando o ambiente um pouco mais agradável. Nós nunca vamos entender os caminhos do nosso Cristo, afinal, evitamos dirigir em meio a forte tempestades, mas Ele, O Cristo, achou melhor fazer estradas no meio da tempestade, o que nos resta é confiar em seu poder e ir em frente. Não há tempestade que sempre dure, não há benção que nunca chegue, quando Deus é o nosso maior bem. E aquela noite eu vi a tempestade, mas a fé de minha mãe viu o caminho... (CONTINUA...)

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