quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Testemunho do Ev. Bruno Oliveira (Parte V)

As horas demoravam a se passar naquele quarto, não havia muita coisa a ser feita para se passar o tempo dentro de um aposento hospitalar. Dentro daquela saleta no final do corredor consegui mais um colega de quarto, a bravia ansiedade. Durante todo este período eu quis correr e não podia, tentei escrever, mas minha letra parecia garatuja infantil depois que minha coordenação motora fora comprometida, desejava brincar e não havia possibilidades com soros pendurados de hora em hora, um após o outro, se pelo menos eu pudesse conversar com alguém, criança gosta de falar, mas quem disse que alguém me entendia depois que minha língua enrolou. Em mim restava um brilho opaco nos olhos, mas uma fé anormal no peito. A realidade é que só sabemos que estrelas existem quando tudo fica escuro.

Com a entonação da voz arruinada eu tentava entoar uma canção que retumbava no meu coração neste período, “Lamento de Israel” ardia no meu coração, mas minha voz estava engrolada, então as palavras se tornavam sons distorcidos ao saírem da minha boca, mas a verdadeira canção não sai dos lábios e sim, do coração, e minha mãe sabia disso, acho que por isso ela batia palmas enquanto eu me esforçava para cantar, a ternura com que ela me fazia ser ouvido levava ao meu coração o mesmo sentimento de um Tenor após uma apresentação maestral.

Certa noite aquele homem sisudo quanto a fé que eu e minha mãe possuímos me surpreendeu. Um som era assoviado por ele, era uma canção, não as sertanejas tão cantadas por ele nas festas em família, era diferente, era “O Lamento de Israel”.

- Vamos filho, como é aquela música que você canta... – Meu pai estava ao meu lado tentando ritmar o louvor. – CHOOOOORAAAA ISRAEEEEL, BABILÔNIA NÃO É SEU LUGAR... NÁNÁNÁNÁNÁ NÁNÁNÁNÁ E DO INIMIGO NÁNÁNÁNÁNÁAAAA!

Rapidamente esforcei-me ao máximo para que a canção saísse de forma racional de meus lábios, esforço este em vão, mas não me senti frustrado, pois papai havia se entusiasmado, fizemos um dueto gospel que expulsaria demônios, pessoas e se possível até Deus de dentro de qualquer igreja, mas naquele caso o coração falou mais alto do que os “Nánánánánánáná” do meu pai e os tons distorcidos da minha voz, cantávamos com tanta emoção que vi a carótida do meu pai saltar pelo seu pescoço, mas está não foi a única coisa que demonstrou sua sensibilidade com o momento, seus olhos agora estavam marejados, havia em seu rosto uma força incomum para segurar as lágrimas nos olhos, ali eu soube que em breve eu o veria ao meu lado nos púlpitos. O que para muitos era uma tribulação. Havia se tornado uma brecha em um coração de pedra, onde o evangelho entrou pela primeira vez. (CONTINUA...)

Um comentário:

  1. Caríssimo, saudações fraternas em Cristo!
    Louvo a Deus pelo seu testemunho!
    Louvo a Deus pelo seu vernáculo!
    Louvo a Deus pela sua família!
    Louvo a Deus pela sua gratidão!
    Louvo a Deus pelo seu esforço!
    Louvo a Deus pela sua fé!
    Continue!
    Traz crescimento espiritual!
    Traz crescimento na fé!
    Traz crescimento em santidade!
    Que o Senhor seja louvado pelo seu testemunho!

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