domingo, 5 de dezembro de 2010

Testemunho do Ev. Bruno Oliveira (Parte III)

Ev. Bruno e sua mãe que acabou de sair do hospital após
uma cirurgia. "Mãe vou me esforçar para te cuidar como
me cuidou quando eu estava com encefalite"
O médico apareceu com o resultado, preferiu conversar com minha mãe do lado de fora do quarto, alguns minutos depois a maçaneta do quarto se moveu, a porta se abriu e minha mãe entrou, havia um silêncio sofrido que apagavam o brilho de seus olhos lacrimejado. Ela foi se aproximando e notei uma lágrima que escapou de seus olhos mesmo com todo esforço para não chorar. Eu estava com problemas para falar, mas meus olhos ainda não estavam afetados, foi então que direcionei meu rosto para o dela e perguntei-lhe por que chorava, a resposta foi uma péssima tentativa de esconder a situação de mim, ela me disse que um cisco havia caído em seu olho. Apesar de ser uma criança eu sempre fui esperto nas horas sérias, sabia que não havia cisco algum ali, sabia que ela estava falando com o médico, sabia que era sobre mim, sabia que a notícia era triste. Neste momento tomei coragem e mesmo com as dificuldades na fala lhe disse: - Mãe, eu vou morrer? – Claro que não foi assim que saiu já que de alguma forma eu havia perdido o controle da fala, mas minha mãe entendeu perfeitamente a pergunta, pois um rapidamente me agarrou com força pelos ombros olhou em meus olhos e com uma autoridade assustadoramente diferente me disse: - Nunca mais diga isto! – Suas mãos me apertavam. – A partir de hoje quando alguém perguntar como você está você vai dizer “Jesus já me curou”, entendeu? – Rapidamente correspondi a atitude dela concordando sem hesitar.
Agora familiarizado com as enfermeiras, o hospital, o quarto, as visitas, parecia que os dias intermináveis lá dentro tomavam uma forma cotidiana, minha família procurava manter meu estado de espírito o mais alegre possível, meu pai não me negava nada, desde histórias em quadrinhos da turma da Mônica aos pastéis de queijo e danones, minha mãe havia pegado uma mania interessante de todos os dias fazer leitura dos evangelhos para mim, recordo-me que o texto a respeito do centurião de Cafarnaum me marcou muito, e essas leituras diárias mantinham a chama da minha fé acesa. Todos que me perguntavam como eu estava se surpreendiam com a resposta que eu lhes dava apesar da língua estar enrolada, “JESUS JÁ ME CUROU”, esta era a minha resposta, a maioria me dava sorrisos amarelados que por fora pareciam simpatizar com minha resposta, mas por dentro sentiam um sentimento de dó como se fosse uma ilusão o que eu estava dizendo. O médico havia sido um que me perguntou como eu estava e ouviu bem com a ajuda da interpretação da minha mãe que Jesus já havia me curado, mas seu conhecimento era maior que sua fé, por isso sorriu como se minha atitude fosse honrosa, mas por dentro parecia saber que eu não sobreviveria e talvez para a família fosse melhor se conformar, mas em parte conhecemos, mas em parte profetizamos, o conhecimento humano jamais será maior do que a fé, a fé é isso, a fé é o maior milagre, Pr. Caio Fábio disse que ter fé quando não há milagres é um milagre maior do que ter fé para operar milagres.
Em Campos do Jordão, minha irmã, até então com três anos, estava adoecendo devido ao tempo que já não nos via, minha Tia Nenê que estava responsável por ela ficou preocupada, minha mãe recebeu a notícia com pesar no coração, diariamente minha irmã vomitava, tinha febre alta e já não apresentava melhora. A solução que surgia era levá-la até São José dos Campos para rever os familiares e foi o que minha tia fez... Recordo-me quando minha irmã de apenas três anos entrou no quarto do hospital onde eu me encontrava, ela estava com uma mascara cirúrgica que deixava seus olhinhos inocentes e sinceros destacando ainda mais suas expressões de insegurança, medo e paz por me rever. Não lembro como foi o nosso diálogo, mas sei que chorei muito junto com minha irmã, estava reconfortado em ver seus olhos brilhantes, foi uma das cenas mais marcantes que passei ao vê-la chorar por mim, na verdade todos estavam sensíveis devido à situação, mas ali eu soube que deveria lutar. (CONTINUA...)

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